Uma das minhas maiores aflições nesse período de pandemia é o isolamento entre as crianças. Serão meses de experiências não vividas e risadas não compartilhadas. O que se aprende nessa relação não pode ser simulada por nós adultos e cuidadores, mas para dar uma trégua ao coração, quero celebrar as amizades e as relações de afeto, dividindo duas riquezas de histórias vividas por nós em anos anteriores.
Na Banca
Voltando de um passeio, desses que a criança faz para acompanhar o adulto que tem que coisas para resolver na rua, Maitê prestou atenção em uma menina que brincava de panelinha dentro de uma banca de jornal. Ela quis parar imediatamente, curiosa, se aproximou e mostrou entusiasmo.
Começou ali uma intenção de interação, então a menina perguntou:

Na beira do mar
Na beira da água a Maitê se aproximou de um grupinho de meninas com idades entre 7 e 8 anos. Queria brincar. As meninas deixaram. Então, uma delas perguntou:
“Ela é especial?”
Eu fiz que sim.
Ela sorriu e chamou a Maitê para brincar. Quando a mãe se aproximou ela disse:
“Mãe, ela é igual ao Dani!”
Eu e a mãe conversamos muito tempo enquanto as meninas brincavam. Conversamos sobre inclusão e aceitação da deficiência de um filho. Contei sobre algumas das dificuldades que enfrento. Falamos sobre a importância da filha dela ter amigos com deficiência na escola e como isso faz toda a diferença para a vida das nossas meninas.
Por fim, falamos sobre nossas vidas, crise, maternidade, machismo e racismo. Ela contou que era açougueira e que convive com o machismo dessa profissão, é difícil assinarem carteira dela, preferem os homens.
Fomos embora na mesma hora, as meninas deram beijo, falaram tchau com carinho. E eu fui embora querendo brindar os encontros, os momentos, a simplicidade e a alegria.
Muito bom filha! Já pensou seriamente em se tornar escritora, romancista?
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